Afonso Reis Cabral no dia em que foi anunciado que vencera o Prémio LeyaFotografia © Carlos Manuel Martins
O romance vencedor do Prémio Leya chega hoje às livrarias. Uma edição antecipada como ainda não acontecera antes
A leitura de 'O Meu Irmão' confirma que a estreia de Afonso Reis Cabral é dos melhores prenúncios para a literatura nacional. A primeira pergunta que se faz perante o romance é se o autor escreve mesmo assim ou se escreveu desta maneira para o concurso?
O romance tem um início avassalador, que deixa o leitor inesperadamente sem saber o que pensar sobre o que tem entre mãos, coisa que aos "profissionais" da literatura colocaria muito medo por serem ou não capazes de continuar esta construção literária até ao seu fim. Uma capacidade que o autor mantém até à página 95 das 365 que perfazem o livro mais incensado deste ano. Aí, a narrativa remete-se a outro estágio, mesmo que não se o possa acusar de facilitismo.
Tudo se passa numa povoação esquecida do interior |em Arouca, segundo uma fonte ainda não confirmada|, para onde o narrador e o irmão vão passar alguns dias na casa que os pais compraram décadas antes. Onde convive com um trio de personagens que serve de contraponto à vivência das da cidade; com uma cena sociologicamente divertida passada numa taberna e que mostra o valor do vinho para alguns; com recordações de situações vividas na infância nos arredores do local, e com outros regressos sucessivos ao passado dos dois protagonistas do livro ao longo de várias idades.
Se o júri já tinha avisado da dureza de certas falas do irmão, ao ler-se o romance confrontamo-nos com esse alerta. Mesmo que o modo como certas palavras - mongoloide ou deficiente, por exemplo - são postas neste livro não achincalhem nem quem as pronuncia nem quem as profere, situação que dificilmente alguém que não Afonso Reis Cabral seria capaz.
por João Céu e Silva |aqui|
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