Foto: Morreu Vasco Graça Moura.

soneto do amor e da morte 

quando eu morrer murmura esta canção 
 que escrevo para ti. quando eu morrer 
 fica junto de mim, não queiras ver 
 as aves pardas do anoitecer 
 a revoar na minha solidão. 

 quando eu morrer segura a minha mão, 
 põe os olhos nos meus se puder ser, 
 se inda neles a luz esmorecer, 
 e diz do nosso amor como se não 

 tivesse de acabar, sempre a doer, 
 sempre a doer de tanta perfeição 
 que ao deixar de bater-me o coração 
 fique por nós o teu inda a bater, 
 quando eu morrer segura a minha mão. 

Vasco Graça Moura, in "Antologia dos Sessenta Anos"

(imagem: Egídio Santos)
(imagem: Egídio Santos)
1942 | 2014



Soneto do amor e da morte 

Quando eu morrer murmura esta canção 
que escrevo para ti. quando eu morrer 
fica junto de mim, não queiras ver 
as aves pardas do anoitecer 
a revoar na minha solidão. 

quando eu morrer segura a minha mão, 
põe os olhos nos meus se puder ser, 
se inda neles a luz esmorecer, 
e diz do nosso amor como se não 

tivesse de acabar, sempre a doer, 
sempre a doer de tanta perfeição 
que ao deixar de bater-me o coração 
fique por nós o teu inda a bater, 
quando eu morrer segura a minha mão. 

Vasco Graça Moura, in "Antologia dos Sessenta Anos"

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