António Tavares tem 55 anos e nasceu em Angola. O primeiro romance ficou entre os cinco finalistas do Prémio Leya em 2013 e foi editado há um ano
António Tavares tem 55 anos e nasceu em Angola. O primeiro romance ficou entre os cinco finalistas do Prémio Leya em 2013 e foi editado há um anoFotografia © DR/Mauro Correia
O Coro dos Defuntos deu ao vice-presidente da Câmara da Figueira da Foz o Prémio Leya de 2015
Um padre expulso do seminário, uma professora, um regedor, uma velha prostituta que vai de Lisboa e outras personagens fazem O Coro de Defuntos, história de uma aldeia beirã, uma dessas aldeias "medievais", como lhes chamou Aquilino Ribeiro, que António Tavares retrata no livro que lhe valeu o Prémio Leya, anunciado ontem.
"Há uma narradora que me foi contando estas histórias, que depois me lembrei de ficcionar, revela ao telefone com o DN António Tavares, 55 anos, professor e vice-presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, sem intenção de largar a sua vida para ser escritor.
Essas aldeias, "onde pouca informação chegava, onde não havia televisão, não havia jornais e havia uma forte ligação à terra", na descrição do autor, estão no centro da história, do dia em 1968 em que Salazar cai da cadeira até ao dia da revolução em 1974. "Há ironia e ternura nesse lado terrunho", acrescenta. É a eles que faz referência o título O Coro dos Defuntos. "Eles haviam de ser defuntos, haviam de ser varridos com o 25 de Abril." E varreu? "Acho que varreu. Há jornais, há saneamento..." Diz que achou que seria "um período interessante para explorar". Um período muito longe das suas memórias.
António Tavares nasceu em Angola, em 1960, e veio para Portugal em 1975. É, aliás, em África que se passa o primeiro livro, As Palavras Que Me Deverão Guiar Um Dia, finalista do Prémio Leya em 2013 e editado no final de 2014, a mesma altura em que pôs mãos à obra para escrever a obra vencedora de 2015.
O primeiro romance "foi escolhido para ir ao festival de primeiras obras de Chambery. Fiquei muito feliz por ser uma escolha dos leitores", afirma. Ao mesmo tempo admite que "estava à espera de que tivesse tido uma aceitação mais generalizada, mas isso, como todos os escritores, acho eu". Acabaria por estar também entre os finalistas do Prémio Fernando Namora. "Com a minha querida Lídia Jorge e o João Tordo. Foi uma derrota saborosa", diz-nos.
por Lina Santos/Diário de Notícias

0 comentários:

Enviar um comentário

 
Top