Qualquer roteiro literário baseado na obra e na vida de José Régio haverá de começar na terra
onde nasceu – Vila do Conde. Aí se encontram os espaços onde passou a infância
e a adolescência, os lugares onde elaborou parte substancial da sua obra
literária, mas também aqueles que escolheu como cenário de muitas das suas
obras.
Em Vila do Conde, onde nasce em 1901, José Maria dos Reis
Pereira – que adotaria o pseudónimo de José Régio -, tudo conduz ao espaço
íntimo do escritor.
Nesta cidade, várias casas estão ligadas à vida do escritor. Os
participantes nesta atividade realizada pela BE da ESA (num total de 25
pessoas) iniciaram, portanto, este roteiro literário de José Régio pela visita
que é hoje a sua Casa, propriedade da Câmara Municipal de Vila do Conde,
inaugurada em setembro de 1975. Trata-se da casa em que Régio viveu parte da
sua vida e onde viria a falecer em dezembro de 1969.
Como em todas as casas musealisadas que respeitam a disposição
definida pelo seu ocupante, nesta pressente-se a atmosfera íntima imposta por
Régio, a presença de figuras que o rodearam, as atividades que cultivou e os
interesses que o moveram.
Para lá da contemplação de um importante espólio de objetos e de
obras de arte (antiguidades e arte sacra em particular. Vimos um ex-voto de
José de Morais Sarmento, de Vale de Arcos, natural da Porta, Santa Eulália,
Arouca ) que lhe pertenceram, bem como um fundo de manuscritos, esta casa
requer uma especial atenção ao jardim e ao mirante, onde José Régio passaria
momentos de solidão e de criação.
Depois de almoço, e após visita guiada ao Centro de Memória, o
grupo dirigiu-se ao Largo Antero de Quental. A este largo chegou, em outubro de 1881, o poeta de “Odes
Modernas”, fixando residência na casa nº 3. É durante a sua permanência em Vila
do Conde que escreverá alguns dos seus mais importantes textos. Antes de
Antero, já Camilo Castelo Branco
residira neste largo, numa pequena vivenda, cuja frontaria exibe um painel de
azulejos, recordando a passagem do autor de “Amor de Perdição” pela vila da foz
do Ave.
Concluímos este
itinerário com a visita da capela da Senhora daGuia (“ Até Srª da Guia/me deixava ir
devagar/até Srª da Guia/que entra já dentro do mar”, José Régio) e do seu
molhe, onde podemos observar o rosto do escritor ValterHugo Mãe, esculpido pelo artista Vhils.
Esta atividade, como
as realizadas em anos anteriores, pretendeu proporcionar um reencontro, um
renovado abraço à literatura portuguesa na memória e na obra de um escritor, um
pretexto para uma boa conversa e o início de uma nova descoberta em torno da
nossa cultura e da nossa terra.
Se a visita a Vila
do Conde e a visão do mar nos agradou, então terá valido a pena. Aprofundar a
leitura e conhecer melhor a obra de José Régio (e dos outros escritores) é o
desafio que se coloca, agora, a cada um de nós.
|ver fotos aqui|
Gostei muito. Não conhecia.
ResponderEliminarEspero que para o ano haja mais;)