Macedo de Cavaleiros, Bragança, 08 mar (Lusa) -- O secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, mostrou-se hoje convicto de que "cada vez se lê mais" em Portugal e que a ideia contrária resulta do facto de se "ler de outra maneira".

"Acho que cada vez se lê mais", afirmou categórico para uma plateia de jovens estudantes das escolas de Macedo de Cavaleiros, que tentou incentivar à leitura numa palestra integrada numa semana local dedicada ao tema.

Francisco José Viegas nasceu próximo destas terras, no Pocinho, no distrito vizinho da Guarda, e foi eleito deputado à Assembleia da República, em 2011, pelo Distrito de Bragança.

Aproveitou a ocasião para recordar as raízes e as diferenças entre a sua e as novas gerações no acesso à leitura.

É nessa diferença que o responsável pela cultura encontra a explicação para permanecer a ideia de que se lê pouco em Portugal, quando, garante, as "estatísticas dizem o contrário".

Segundo defendeu, o que acontece é que "se lê de outra maneira hoje".

"A nossa atenção está dispersa e não se concentra exclusivamente num livro em papel, passa por outras plataformas digitais; hoje temos livros a funcionar na 'nuvem', temos livros que circulam na Internet e, portanto, isso muda completamente", considerou.

O secretário de Estado sustentou também a ideia de que se lê mais porque "a população aumentou, o acesso aos livros aumentou, o acesso mudou consideravelmente" para o qual contribuíram também as redes de bibliotecas públicas e escolares.

"As bibliotecas, elas próprias estão à procura de um novo destino, aliás haverá um congresso de bibliotecas agora em maio, para discutir justamente o futuro das bibliotecas e da leitura em Portugal", declarou.

Sublinhou ainda que "as bibliotecas tendem a transformar-se em centros culturais, muito mais do que em depósitos de livros".

Por todos estes fatores, entende que os modos de leitura dos jovens de hoje não podem ser encarados como os da sua geração.

Mas continua a acreditar num método que o levou na sua juventude a ler muito livros e que até aconselhou como incentivo para estimular as novas gerações.

"Quando era adolescente uma das coisas que o meu pai me disse foi: 'não leias o 'Crime do Padre Amaro' [Eça de Queirós], voltei costas e foi o que li e, às vezes, obviamente o livro proibido é aquele que nós lemos com mais velocidade e com mais apetite como quase tudo na vida".

Foi esta experiência que o levou a partilhar com os jovens presentes uma teoria, em jeito de brincadeira: "Acho que uma das estratégias dos vossos professores devia ser a de proibir de ler".

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