Era um dos favoritos há anos e liderava as apostas para 2025. László Krasznahorkai escritor húngaro frequentemente comparado a Kafka, venceu o Prémio Nobel da Literatura.
| Foto de Gyula Czimbal |
"Segundo o secretário permanente da Academia Sueca no Prémio Nobel, Mats Malm, o escritor foi escolhido por construir “uma obra convincente e visionária que, no meio do terror apocalíptico, reafirma o poder da arte”. Malm acrescentou que falou com o autor, que se encontrava em Frankfurt, ao telefone, tendo apenas discutido pormenores práticos sobre a cerimónia de entrega do Nobel a 10 de dezembro. Nesse dia, ser-lhe-á formalmente entregue o valor pecuniário do prémio, fixado em 11 milhões de coroas – equivalente a cerca de 1 milhão e quatro mil euros.
László Krasznahorkai escreveu sete romances, dos quais dois estão traduzidos ao português. Um deles, “O Tango de Satanás” (Antígona), o seu livro de estreia originalmente publicado em 1985, viria a ser a base para o longo filme que Béla Tarr dirigiu em 1994. O outro, “Herscht 07769”, o seu penúltimo romance, de 2021, acabou de ser lançado pela Cavalo de Ferro. O programa do festival literário Folio, cuja 10.ª edição decorre em Óbidos entre 10 e 19 de outubro, inclui a presença do autor no dia do encerramento.
Autor que se assume devedor de Kafka, Beckett e Gogol - não em vão, Anders Olsson, presidente do Comité Nobel, considera-o “um grande escritor épico da tradição da Europa Central, que se estende de Kafka a Thomas Bernhard, e é caracterizado pelo absurdo e pelo excesso grotesco” -, o seu estilo denso e rarefeito despertou a admiração de Susan Sontag e de W.G. Sebald, que disse: “A universalidade da visão de Krasznahorkai ultrapassa em muito todas as preocupações menores da literatura contemporânea”.
Nascido em Gyula, em 1954, no seio de uma família que só lhe revelou a origem judaica aos 11 anos, frequentou um liceu especializado em latim. Mais tarde estudou Direito, caminho que abandonou para se especializar em língua e literatura húngaras, com uma tese sobre o conterrâneo Sándor Márai. Em 1987, dois anos antes do colapso comunista, instalou-se em Berlim e, nunca deixando de retornar à Hungria natal, empreendeu várias viagens à Mongólia e à China, conheceu profundamente o Japão e passou períodos em Nova Iorque com o poeta Allan Ginsberg. Hoje vive “recluso” - segundo o seu editor húngaro - nas colinas de Szentlászló, no sul do seu país."
Vencedor do Man Booker International Prize em 2015 e de muitas outras distinções, numa entrevista dada em 2024 ao diário espanhol “The Objective”, a propósito de lhe ser outorgado o Prémio Formentor, explicou: “Não entendo os vencedores, pois o que ganham eles ao derrotar alguém? O que ganham não é nada para mim. Eles também não sobreviverão. Em contrapartida, entendo a derrota. Entendo-a porque sinto compaixão pelo perdedor. Portanto, só se pode escrever a partir da compaixão”.
Notícia retirada daqui (Expresso).
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